quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dica de filme

“Tá Chovendo hambúrguer”
Comida de graça para todo mundo

Desenho do personagem Flint sorrindo olhando para cima e pegando um sanduíche em meio a uma chuva de hambúrguer

“Como era difícil ser eu”, é assim que “Tá chovendo hambúrguer” começa, ao relatar a condição que Flint Lockwood, protagonista desta belíssima animação, encontrava-se perante ele mesmo e, de um modo ou de outro, da sociedade na qual ele estava inserido.

Para Flint, a presença da mãe era fundamental, pois sempre estava disposta a incentivá-lo e a motivá-lo. Morador de uma pequena cidade, “Boca da Maré”, desde criança alimentava o sonho de se tornar um grande inventor, sendo que todas as suas expectativas para um futuro melhor passavam pela sua cidade. Esta característica de Flint mostra-nos, pelo menos, dois pontos, ou seja, o primeiro é a necessidade de sermos sensíveis às condições sociais do local onde estamos e, assim, traçarmos planos para o melhorarmos. O segundo ponto que se salta aos nossos olhos é que nada nasce grande, tudo precisa passar pelo estágio de nascimento para assim, depois, passar pelos estágios de crescimento e amadurecimento.

Diante do fechamento da “Fábrica de Sardinhas”, a qual dava fama à cidade, Flint resolve investir numa invenção para lá de original. Podemos dizer que esta invenção é o momento-chave desta empolgante animação, pois consistia em transformar água em comida, simples assim.

Amante das metáforas de pescaria, o pai de Flint tinha uma perspectiva sobre a vida muito diferente daquela que tomava conta de seu filho. Ele era mais realista, mais “pé no chão” e, para piorar, como as invenções de Flint sempre resultavam na maior confusão, seu pai passa a insistir com seu filho pedindo para ele abandonar esta ideia de se tornar um grande e reconhecido inventor e trabalhar com ele em sua loja de sardinhas. Neste ponto, o professor pode abordar a questão dos efeitos e impactos das ações-reações, pois em nossas vidas nada é jogado num vazio, há uma interligação muito forte em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.

Paralelamente a tudo isso, o prefeito também alimentava dentro de si o sonho de ser grande, de se tornar conhecido. Essencialmente, contudo, Flint e o prefeito eram muito diferentes, pois ao passo que Flint desejava se tornar um grande inventor para ajudar a cidade em que nasceu, o prefeito queria também se tornar conhecido por suas inovações, mas era apenas para a autopromoção. A nossa motivação, ou seja, aquilo que nos motiva verdadeiramente pode ser mais um tema para ser abordado em sala de aula.

No dia em que o prefeito realiza uma inauguração que faria da cidade um ponto de turismo, empreendimento para o qual todo o orçamento da cidade foi destinado, uma rede de televisão manda uma estagiária fazer a cobertura deste evento, é a inauguração da Sardilândia. É aqui que passamos a conhecer Sam Sparks, uma ansiosa e motivada jovem que, devido a implicância de muitas pessoas, desistiu de se comportar como “nerd” e assumiu novos rumos para sua vida profissional. A identidade de nossos alunos, ou seja, aquilo que nos identifica como sendo nós mesmos, pode ser a próxima abordagem do professor.

Como não poderia deixar de ser, a inauguração da Sardilância foi o palco para Flint dar início à sua invenção, ou seja, transformar água em comida, mais precisamente e num primeiro momento, em hambúrguer. Como era de se esperar, alguma coisa acontecer de errado com a invenção, causando a destruição de parte significativa da cidade. A cena que se segue é a de Flint fugindo dos olhares de reprovação da cidade inteira, mas principalmente da presença de seu pai. Será mesmo que fugir é a melhor opção?

Contudo, não foi tão ruim assim, pois é neste momento que Flint conhece a Sam e identifica vários pontos em comum e, para completar a alegria, descobre que sua invenção deu certo ao presenciar a chuva de hambúrguer sobre toda a cidade, que olha perplexa para aquele estranho fenômeno.

Perplexa com aquele fenômeno, a cidade começa a solicitar os mais diferenciados cardápios e, Flint, atende a todos despreocupadamente. Todos o admiram, todos o querem por amigo, todos o querem por perto, mas o único que não demonstra satisfação é o pai. Por que será que seu pai sempre assume uma posição tão diferente das demais pessoas? Será que ele não se conformava com o fato de aquelas pessoas terem à sua disposição tantos alimentos sem ao menos terem trabalhado para consegui-lo?

Próximo do desfecho do filme, percebe que a estrutura dos alimentos está sofrendo mutações e, Flint, agora, precisa decidir se deve mesmo continuar com sua invenção ou se deve dar atenção à voz de seu pai. Como sua decisão não foi pautada de sensatez, ele precisará contornar uma situação que pode colocar a população mundial em risco e, de maneira surpreendente, no momento mais difícil de sua vida, Flint recebe de seu pai o gesto de confiança que ele tanto precisava para não desistir, concedendo a nós, professores, uma riqueza de temas que podemos abordar em sala de aula, principalmente a respeito da família, base da nossa sociedade.

DVD do filme Tá Chovendo Hambúrguer em que Flint, Sam e o macaquinho estão em meio a uma chuva de sanduíches Sam está com um guarda-chuva aberto

Ficha Técnica
Gênero:
Animação e Família
Duração:
90 min.
Origem:
Estados Unidos
Direção:
Phil Lord e Chris Miller
Roteiro:
Judi Barrett e Ron Barrett
Distribuidora:
Sony Pictures
Censura:
Livre
Ano:
2009

Erika de Souza Bueno Consultora-Pedagógica de Língua Portuguesa do Planeta Educação. Professora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa e família. Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br).

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