quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Desrespeito com os professores catarinenses

É impressionante a maneira como o atual governo de Santa Catarina trata os professores da rede estadual de ensino. Na edição do dia 11 de novembro de 2010 do Diário Catarinense (página 32), o atual secretário da educação, Silvestre Heerdt, em resposta aos questionamentos sobre as mudanças no Ensino Fundamental de oito para nove anos, principalmente sobre a questão da reprovação nas 5ª séries, desrespeita os professores e o sindicato (Sinte) ao dizer que: “Eles não estão preocupados com a aprendizagem do aluno. Estão mais preocupados em perder turmas para dar aula.”

A redução no número de aulas nas séries finais do ensino fundamental pode até ser um dos motivos das reclamações dos professores, mas daí dizer que os mesmos não se preocupam com a aprendizagem dos alunos? É de se lamentar ouvir isso de uma pessoa que coordena a educação em nosso estado. Depois de tanto tempo sendo ignorados pelo então secretário Paulo Bauer, onde foi criado um abismo entre governo e educadores, somos agora obrigados a ouvir do atual secretário um absurdo dessa magnitude. Quem não está preocupado com a aprendizagem e muito menos com os professores é justamente o governo, que não valoriza os profissionais que trabalham no magistério catarinense.

O professor está sim preocupado com a perda de aulas, pois é uma forma de aumentar um pouco a sua renda. Quem sabe se o governo tivesse se preocupado mais em proporcionar momentos de formação continuada e aplicado o Piso Nacional dos Professores ao invés de entrar na justiça contra uma lei federal que torna mais digna essa profissão tão desvalorizada nas últimas décadas, não teríamos tais problemas com a educação catarinense. Resta saber o que nos espera nos próximos quatro anos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aproveite os momentos bons e ruins em sua vida.

O livro Picos e Vales, de Spencer Johnson, relata a história de um jovem que aprende a refletir sobre os caminhos que escolheu e percebe que, entre dois picos, há sempre um vale: um momento em que devemos avaliar nossas conquistas e nos concentrar nos objetivos que desejamos alcançar. Abaixo, cito os principais pontos desta reflexão. Leia e aplique em sua vida pessoal ou profissional e saiba como administrar melhor os altos e baixos que vivemos.

TEORIA DOS PICOS E VALES

COMO USAR SEUS PICOS E VALES NO TRABALHO E NA VIDA PESSOAL

É NATURAL QUE TODO MUNDO EM TODA PARTE TENHA PICOS E VALES NO TRABALHO E NA VIDA PESSOAL.

OS PICOS E VALES NÃO SÃO APENAS OS MOMENTOS BONS E RUINS QUE ACONTECEM COM VOCÊ.

SÃO TAMBÉM O MODO COMO VOCÊ SE SENTE INTERNAMENTE E COMO REAGE AOS ACONTECIMENTOS EXTERNOS.

PICOS E VALES ESTÃO LIGADOS.

OS ERROS QUE VOCÊ COMETE DURANTE OS BONS MOMENTOS HOJE GERAM OS MAUS MOMENTOS DE AMANHÃ.

E AS COISAS SÁBIAS QUE VOCÊ FAZ DURANTE OS MOMENTOS

RUINS HOJE GERAM OS BONS MOMENTOS DE AMANHÃ.

PICOS SÃO OS MOMENTOS QUE VOCÊ VALORIZA O QUE TEM.

VALES SÃO OS MOMENTOS EM QUE VOCÊ SENTE FALTA DO QUE NÃO TEM.

NÃO PODEMOS CONTROLAR SEMPRE OS ACONTECIMENTOS EXTERNOS, MAS PODEMOS CONTROLAR

NOSSOS PICOS E VALES PESSOAIS COM O QUE ACREDITAMOS E COM O QUE FAZEMOS.

O CAMINHO PARA FORA DO VALE SURGE QUANDO VOCÊ DECIDE VER AS COISAS DE OUTRA FORMA.

PODEMOS TRANSFORMAR NOSSO VALE NUM PICO QUANDO IDENTIFICAMOS

E TIRAMOS PROVEITO DO BEM OCULTO NOS MOMENTOS RUINS.

ENTRE CADA PICO SEMPRE HÁ VALES.

O MODO COMO ADMINISTRA CADA VALE DETERMINA O TEMPO QUE LEVARÁ PARA ATINGIR O PRÓXIMO PICO.

É POSSÍVEL TER MENOS MOMENTOS RUINS QUANDO VALORIZAMOS E

ADMINISTRAMOS OS BONS MOMENTOS COM SABEDORIA.

O MOTIVO MAIS COMUM PELO QUAL VOCÊ FICA POUCO TEMPO NUM PICO

É A ARROGÂNCIA DISFARÇADA DE SEGURANÇA.

O MOTIVO MAIS COMUM PELO QUAL VOCÊ FICA MUITO TEMPO NUM VALE É O MEDO,

DISFARÇADO DE CONFORTO.

UMA EXCELENTE FORMA DE ATINGIR O PRÓXIMO PICO E SEGUIR SUA VISÃO SENSÍVEL.

IMAGINE-SE APROVEITANDO ESSE FUTURO MELHOR EM DETALHES TÃO ESPECÍFICOS E

VEROSSÍMEIS QUE EM BREVE TERÁ PRAZER EM FAZER O QUE O LEVARÁ LÁ.

O SOFRIMENTO NO VALE É CAPAZ DE DESPERTÁ-LO PARA UMA VERDADE QUE PODIA ESTAR IGNORANDO.

EVITE ACREDITAR QUE AS COISAS ESTÃO MELHORES DO QUE REALMENTE ESTÃO, QUANDO ESTIVER

NUM PICO, OU PIORES DO QUE REALMENTE ESTÃO, QUANDO ESTIVER NUM VALE.

FAÇA DA REALIDADE SUA AMIGA.

O PICO PESSOAL É UMA VITÓRIA SOBRE O MEDO.

CRIAMOS UM PICO QUANDO SEGUIMOS VERDADEIRAMENTE NOSSA VISÃO SENSÍVEL.

NOSSO MEDO DIMINUI E NOS TORNAMOS MAIS TRANQUILOS E BEM- SUCEDIDOS.

É POSSÍVEL SAIR DE UM VALE MAIS RÁPIDO QUANDO CONSEGUIMOS SAIR DE NÓS MESMOS: NO TRABALHO, SENDO MAIS ÚTEIS, NA VIDA PESSOAL, SENDO MAIS AMOROSOS.

Retirado dos livro Picos e Vales, de Spencer Johnson, autor do Best seller Quem Mexeu no Meu Queijo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bullying: o que é?

Atos agressivos físicos ou verbais só são evitados com a união de diretores, professores, alunos e famílias

Bullying é uma situação que se caracteriza por atos agressivos verbais ou físicos de maneira repetitiva por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo inglês refere-se ao verbo "ameaçar, intimidar". A versão digital desse tipo de comportamento é chamada de cyberbullying, quando as ameaças são propagadas pelo meio virtual.

Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas. E todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. "A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência", diz o médico pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), que estuda o problema há nove anos.

Segundo o médico, o papel da escola começa em admitir que é um local passível de bullying, informar professores e alunos sobre o que é e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática - prevenir é o melhor remédio. O papel dos professores também é fundamental. Eles podem identificar os atores do bullying - agressores e vítimas. "O agressor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar onde tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar", explica o especialista. Já a vítima costuma ser uma criança com baixa autoestima e retraída tanto na escola quanto no lar. "Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir", afirma Lauro. Aí é que entra a questão da repetição no bullying, pois se o aluno reage, a tendência é que a provocação cesse.

Claro que não se pode banir as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. O que a escola precisa é distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. "Isso não é tão difícil como parece. Basta que o professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?", orienta o médico. Ao perceber o bullying, o professor deve corrigir o aluno. E em casos de violência física, a escola deve tomar as medidas devidas, sempre envolvendo os pais.

O médico pediatra lembra que só a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um agressor. "A tendência é que ele seja assim por toda a vida a menos que seja tratado", diz. Uma das peças fundamentais é que este jovem tenha exemplos a seguir de pessoas que não resolvam as situações com violência - e quem melhor que o professor para isso? No entanto, o mestre não pode tomar toda a responsabilidade para si. "Bullying só se resolve com o envolvimento de toda a escola - direção, docentes e alunos - e a família", afirma o pediatra.

Revista Nova Escola, agosto de 2009.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Por que os jovens estão tão violentos?

A agressividade faz parte da adolescência, mas os casos de violência entre os jovens aumentaram e tornaram-se mais graves nos últimos dez anos. Entender o fenômeno é o primeiro passo para previni-lo

No Rio de Janeiro, um estudante de 12 anos foi espancado por outro de 16 com golpes de porrete. Em Brasília, um aluno de 15 foi internado em estado grave após ser agredido por oito adolescentes na saída da escola. Em Natal, a polícia teve de conter um tumulto entre 60 jovens de gangues de colégios rivais. Em Matinha, a 245 quilômetros de São Luís, um menino de 11 anos matou um colega de 15 com um canivete. A impressão de que casos assustadores como esses (todos retratados pelo noticiário policial do mês de julho deste ano) têm se tornado cada vez mais comuns é confirmada pelas últimas estatísticas. De acordo com o estudo Mapa da Violência 2010, um levantamento do Instituto Sangari, em São Paulo, que toma como base a taxa de homicídios dos 5.564 municípios brasileiros, entre 1997 e 2007 o total de assassinatos entre jovens de 14 e 16 anos aumentou 30% - o maior crescimento entre todas as faixas etárias. Atônitos, pais e professores se perguntam: o que fazer para reduzir
essa escalada?

Mergulhar nas causas do fenômeno é um bom começo para ir além do choque. De início, é preciso lembrar que a agressividade tende a andar com a juventude, uma fase de descoberta também dos impulsos violentos. Na puberdade, o contato físico é uma maneira inconsciente de explorar a pele do outro. Essa atividade envolve uma experimentação que pode ganhar formas mais ríspidas, sem necessariamente indicar descontrole ou intenção de humilhar. Exemplos disso são as lutas simuladas e outras "brincadeiras de mão" típicas da fase, como ilustra o depoimento de Cecília*, 15 anos (leia o destaque acima).

Mudanças fisiológicas também explicam parte da agressividade. Na passagem para a adolescência, o centro de recompensa, área cerebral relacionada à produção de serotonina (neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar), é reduzido à metade. Como os níveis da substância caem, o adolescente tem mais dificuldade em ficar satisfeito - daí vem a irritabilidade que marca o período. Inclinado à impaciência, ele pode se alterar com qualquer contrariedade.

O ambiente social também influi. A começar pelas características de gênero (que se referem aos papéis culturais que a sociedade atribui a homens e mulheres). Um exemplo: a partir do momento em que um garoto desafia o outro numa briga, a recusa é vista como uma falta de virilidade, já que a dominação e o perigo são tidos como características masculinas. Isso ajuda a entender porque 90% das agressões em ambiente escolar são cometidas por meninos.


Revista Nova Escola, edição nº 235, setembro de 2010.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dica de filme

“Tá Chovendo hambúrguer”
Comida de graça para todo mundo

Desenho do personagem Flint sorrindo olhando para cima e pegando um sanduíche em meio a uma chuva de hambúrguer

“Como era difícil ser eu”, é assim que “Tá chovendo hambúrguer” começa, ao relatar a condição que Flint Lockwood, protagonista desta belíssima animação, encontrava-se perante ele mesmo e, de um modo ou de outro, da sociedade na qual ele estava inserido.

Para Flint, a presença da mãe era fundamental, pois sempre estava disposta a incentivá-lo e a motivá-lo. Morador de uma pequena cidade, “Boca da Maré”, desde criança alimentava o sonho de se tornar um grande inventor, sendo que todas as suas expectativas para um futuro melhor passavam pela sua cidade. Esta característica de Flint mostra-nos, pelo menos, dois pontos, ou seja, o primeiro é a necessidade de sermos sensíveis às condições sociais do local onde estamos e, assim, traçarmos planos para o melhorarmos. O segundo ponto que se salta aos nossos olhos é que nada nasce grande, tudo precisa passar pelo estágio de nascimento para assim, depois, passar pelos estágios de crescimento e amadurecimento.

Diante do fechamento da “Fábrica de Sardinhas”, a qual dava fama à cidade, Flint resolve investir numa invenção para lá de original. Podemos dizer que esta invenção é o momento-chave desta empolgante animação, pois consistia em transformar água em comida, simples assim.

Amante das metáforas de pescaria, o pai de Flint tinha uma perspectiva sobre a vida muito diferente daquela que tomava conta de seu filho. Ele era mais realista, mais “pé no chão” e, para piorar, como as invenções de Flint sempre resultavam na maior confusão, seu pai passa a insistir com seu filho pedindo para ele abandonar esta ideia de se tornar um grande e reconhecido inventor e trabalhar com ele em sua loja de sardinhas. Neste ponto, o professor pode abordar a questão dos efeitos e impactos das ações-reações, pois em nossas vidas nada é jogado num vazio, há uma interligação muito forte em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.

Paralelamente a tudo isso, o prefeito também alimentava dentro de si o sonho de ser grande, de se tornar conhecido. Essencialmente, contudo, Flint e o prefeito eram muito diferentes, pois ao passo que Flint desejava se tornar um grande inventor para ajudar a cidade em que nasceu, o prefeito queria também se tornar conhecido por suas inovações, mas era apenas para a autopromoção. A nossa motivação, ou seja, aquilo que nos motiva verdadeiramente pode ser mais um tema para ser abordado em sala de aula.

No dia em que o prefeito realiza uma inauguração que faria da cidade um ponto de turismo, empreendimento para o qual todo o orçamento da cidade foi destinado, uma rede de televisão manda uma estagiária fazer a cobertura deste evento, é a inauguração da Sardilândia. É aqui que passamos a conhecer Sam Sparks, uma ansiosa e motivada jovem que, devido a implicância de muitas pessoas, desistiu de se comportar como “nerd” e assumiu novos rumos para sua vida profissional. A identidade de nossos alunos, ou seja, aquilo que nos identifica como sendo nós mesmos, pode ser a próxima abordagem do professor.

Como não poderia deixar de ser, a inauguração da Sardilância foi o palco para Flint dar início à sua invenção, ou seja, transformar água em comida, mais precisamente e num primeiro momento, em hambúrguer. Como era de se esperar, alguma coisa acontecer de errado com a invenção, causando a destruição de parte significativa da cidade. A cena que se segue é a de Flint fugindo dos olhares de reprovação da cidade inteira, mas principalmente da presença de seu pai. Será mesmo que fugir é a melhor opção?

Contudo, não foi tão ruim assim, pois é neste momento que Flint conhece a Sam e identifica vários pontos em comum e, para completar a alegria, descobre que sua invenção deu certo ao presenciar a chuva de hambúrguer sobre toda a cidade, que olha perplexa para aquele estranho fenômeno.

Perplexa com aquele fenômeno, a cidade começa a solicitar os mais diferenciados cardápios e, Flint, atende a todos despreocupadamente. Todos o admiram, todos o querem por amigo, todos o querem por perto, mas o único que não demonstra satisfação é o pai. Por que será que seu pai sempre assume uma posição tão diferente das demais pessoas? Será que ele não se conformava com o fato de aquelas pessoas terem à sua disposição tantos alimentos sem ao menos terem trabalhado para consegui-lo?

Próximo do desfecho do filme, percebe que a estrutura dos alimentos está sofrendo mutações e, Flint, agora, precisa decidir se deve mesmo continuar com sua invenção ou se deve dar atenção à voz de seu pai. Como sua decisão não foi pautada de sensatez, ele precisará contornar uma situação que pode colocar a população mundial em risco e, de maneira surpreendente, no momento mais difícil de sua vida, Flint recebe de seu pai o gesto de confiança que ele tanto precisava para não desistir, concedendo a nós, professores, uma riqueza de temas que podemos abordar em sala de aula, principalmente a respeito da família, base da nossa sociedade.

DVD do filme Tá Chovendo Hambúrguer em que Flint, Sam e o macaquinho estão em meio a uma chuva de sanduíches Sam está com um guarda-chuva aberto

Ficha Técnica
Gênero:
Animação e Família
Duração:
90 min.
Origem:
Estados Unidos
Direção:
Phil Lord e Chris Miller
Roteiro:
Judi Barrett e Ron Barrett
Distribuidora:
Sony Pictures
Censura:
Livre
Ano:
2009

Erika de Souza Bueno Consultora-Pedagógica de Língua Portuguesa do Planeta Educação. Professora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa e família. Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br).

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mudança de nome

O nome do meu blog mudou. Agora passa a se chamar EducaWeb. Um blog voltado aos assuntos educacionais, culturais e ao tratamento da informação, sempre buscando debater assuntos atuais de uma forma simples e direta. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Para refletir.

"Não me perquntem como se chega ao sucesso. Me perguntem como se chega ao fracasso: ouvindo e tentando agradar a todos."
John Fitzgerald Kennedy

terça-feira, 6 de abril de 2010

Os Três Marceneiros

Diz-se que há muito, muito tempo, quando os portugueses começavam a viajar para o Brasil com intenção de morar aqui, chegaram 3 mestres marceneiros animados com a nova colônia. Sabiam que por aqui havia muita madeira e pensavam construir móveis para a precisão dos colonos e, ainda, pra vender em Portugal.

Um nobre que aqui já se instalara e queria acomodar em sua casa um bom armário, trouxe para o primeiro carpinteiro um lote de madeira e a sua encomenda.

O mestre, entusiasmado, juntou suas ferramentas e se pôs logo ao trabalho. Cortou as peças com grande dificuldade, pois a madeira era muito pesada, dura como pedra. O pobre carpinteiro suava e resmungava:

-Isso lá é madeira de gente? Que diabo, parece mais uma rocha, não há bom mestre que aguente trabalhar num pinho destes! Que saudade da boa madeira portuguesa, leve e macia, tão fácil de lidar...

Mas o pior ainda ia acontecer: na hora de pregar, não havia prego que aguentasse segurar aquela madeira. Por mais que o marceneiro tentasse, seus pregos entortavam, quebravam, empenavam sem penetrar no duro material. O português xingava, batia com força, xingava e se machucava. E, possesso de raiva, martelava a madeira, sua mais recente inimiga.

Por fim, no auge da indignação, recolheu todas as suas coisas, procurou o freguês e lhe fez um discurso:

-Não faço a sua encomenda, não trabalho mais aqui, embarco no primeiro navio que sair desta terra maldita onde só há madeira imprestável. Coisa alguma dá pra fazer com isso: veja meus pobres pregos, do melhor metal, quebrados, entortados, espanados; veja meu serrote, meus braços, minhas mãos esfoladas de tanto fazer força. Sou um marceneiro, um bom e experiente mestre na minha profissão e não estou aqui pra me acabar, tentando enfiar meus finíssimos pregos nesta porcaria. Quero a boa madeira da minha terrinha, tenra e clara, leve e preciosa. Isto aqui que o senhor me deu só serve pra fazer fogo. Aconselho-o a usar tudo como lenha. E passe bem.

O nobre colono viu o homenzinho se afastar num passo duro e apressado. Estava inconformado: precisava de um bom armário e não tinha outra madeira. Por isso, procurou o segundo mestre marceneiro que, contente, aceitou o trabalho.

Mas logo o novo artesão se deparou com as mesmas dificuldades do outro: tentando pregar as peças já recortadas, martelava com energia e só conseguia entortar seus pregos, esfolar suas mãos. Queria fazer o armário, custasse o que custasse e se afobava, xingando seu antecessor e xingando o material que recebera:

-Era besta quem começou assim este trabalho, pois com material tão ordinário não é possível fazer um armário com tantos recortes, tantas belezas, é preciso simplificar. Nada de gavetas que são pra madeira de qualidade, farei apenas prateleiras; nada de pés ou enfeites, um bom e simples caixote pode ser o melhor modelo de armário nesta terra selvagem. O erro daquele mestre foi querer jogar pérolas aos porcos; pois comigo, será diferente. E não hás de ser tu, pau ruim, que me impedirás de fazer o meu trabalho: entortas meus finos pregos? Usarei pregos enormes, grossos, tão fortes que darão conta da tua resistência; és duro como pedra, não te consigo furar com minhas parcas forças? Usarei uma marreta no lugar de martelo; mas farei de ti um armário, nem que seja à força!

E com muita força e poucos pregos, o português se esfalfava para construir o móvel encomendado: os enormes pregos “marretados” na madeira dura faziam grandes buracos, tiravam lascas, rachavam as peças e, o que é pior, mal seguravam as partes mais pesadas: espanavam-se, escorregavam pelos buracos, qualquer movimento os tirava do lugar. Mas o marceneiro continuava o seu trabalho, satisfeito com seus medíocres sucessos, remendando os desacertos, desculpando-se do mau resultado pela péssima madeira com a qual tinha que trabalhar.
Finalmente, chamou o freguês para lhe entregar a encomenda: era um tosco armário, feioso e cheio de marcas, bambo e desajeitado. Só de transportá-lo, o nobre colono o perdeu, pois se desconjuntou todo e acabou desabando no lugar onde seria colocado.

De nada adiantou o marceneiro resmungar, lamentar a imperícia dos carregadores, apontar os insuperáveis defeitos daquela porcaria de madeira. O freguês o despediu com alguns poucos cobres e, teimoso, foi à procura do terceiro mestre para refazer sua encomenda.

O novo carpinteiro ouviu atentamente as explicações do freguês e suas malfadadas experiências com seus antecessores. Examinou a madeira, passeou a mão pelos recortes do primeiro artesão, arrancou alguns pregos que o segundo conseguira enfiar e olhou os buracos que ficaram; tentou pregar com sua técnica, mas logo viu que tudo acontecia da mesma forma que fora com os outros dois.

Então, sem se afobar, concluiu que para madeira daquele tipo não era possível usar pregos, como com a madeira macia de Portugal. Em vez de xingar a madeira desconhecida e chorar os valores de sua terra, deu tratos à bola para inventar um prego diferente que desse para usar em madeira pesada e dura.
Em vez de penar com o material que lhe fora entregue, pôs-se a modificar os seus pregos até que conseguiu inventar o parafuso. Então, montou um bom e firme armário para o freguês que lhe pagou bem, felicíssimo.

Com seus parafusos, deu conta de muitas outras encomendas: seus belos, fortes e resistentes móveis de jacarandá ficaram famosos na colônia e até no reino de Portugal. Toda gente queria os móveis feitos com aquela madeira preciosa, principalmente armários, pois eram resistentes, não deixavam entrar umidade, mantinham as coisas numa temperatura ideal.

Mas o maior feito deste habilidoso artesão, especialmente valorizado e difundido, foi a invenção do parafuso que, desde então, é utilizado nos mais diferentes materiais para fazer os mais diferentes objetos.

Às vezes fico pensando que nós, educadores e professores, ao enfrentarmos o problema daquelas crianças que não aprendem na escola, estamos às voltas com o mesmo desafio dos marceneiros.

Podemos reagir como o primeiro artesão, desqualificando nossos alunos, desejando aqueles que aprendem com facilidade, queixando das nossas condições de trabalho, desistindo de ensinar.

Podemos reagir como o segundo, desqualificando nossos alunos e teimando em fazer nosso trabalho mesmo à custa de prejudicar sua qualidade ou forçar uma aprendizagem artificial e ineficaz.

Mas, certamente, estaremos mais perto do sucesso se analisarmos cuidadosamente nossas crianças com dificuldade e reavaliarmos nossos instrumentos para que se tornem mais eficientes com elas.

Como o terceiro mestre, não devemos negar as dificuldades que encontramos: a madeira é dura e pesada, nossos pregos entortam e espanam, diferentemente da outra madeira para a qual nossos instrumentos de trabalho foram construídos. Também não devemos desistir e nem nos apressar demais para concluir nossa obra, alegando que a madeira não presta para ser trabalhada.

Devemos buscar novas estratégias, reformular nossos métodos, buscar soluções diferentes para conseguirmos realizar um bom trabalho com esta “madeira” que nos foi confiada.



Magui, psicóloga, com pós-graduação na área da Psicologia Social da Educação

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Educar em Oração - GABRIEL CHALITA

Deus, autor da vida. Estamos juntos em oração. Juntos como determinaste. E juntos sentimos a Tua presença e consagramos esse novo ano. E juntos pedimos-Te que possamos ser fiéis à vocação que nos foi confiada.Que neste novo ano, Senhor, nos lembremos da vocação de ensinar. Que sejamos tocados pelo Teu amor, para que possamos partilhar amor. Que estejamos entusiasmados, cientes do sublime papel de tocar a alma e de ajudar o aluno a entender que vale a pena aprender, e aprender sempre, para que sejam, ao mesmo tempo, mais sábios e mais humildes.Que neste novo ano, Senhor, os alunos estejam mais receptivos. Que se abram para a eterna novidade da vida, da amizade, do amor. Que nas salas de aula, o Teu espírito esteja presente, tocando no coração de todos nós, sem distinção. E que a carência que vem de famílias ausentes seja amenizada nestes espaços de luz.Que, neste novo ano, cada funcionário se regozije de sua missão. Que ninguém se sinta diminuído, e que o respeito seja o guia de cada relação. Que a arrogância não encontre eco nesses espaços. Que a prepotência dê lugar ao olhar singelo de todos que precisam aprender. E Tu sabes, Senhor, que todos, sem distinção, precisam aprender.Que, nessa escola, um clima de harmonia possa reinar. Que cada canto e recanto seja abençoado. Que os acidentes sejam pequenos e não retirem o sorriso e o encanto das pessoas que aqui vêm para exercitar a arte e a missão de construir a felicidade. Que sejamos todos acolhedores e nos sintamos todos acolhidos por estarmos juntos, aqui.Que os pais possam estar mais presentes. Que se lembrem de que são os primeiros educadores e que não podem relegar à escola o seu papel de condutores de toda a vida. Que os pais se amem. Que a violência não encontre guarida na casa dos nossos alunos. Que a serenidade vença a agressividade, e que o amor jamais tire folga.Senhor, abençoa este novo ano letivo! Queremos renovar nossa fidelidade ao Teu chamado. Queremos renovar nossa disposição de viver a vida a serviço de uma grande causa, da causa do amor. E que o amor, esse sentimento divino e humano, esse sentimento que sintetiza Tua essência, nossa essência, seja a razão de estarmos aqui.

Que todos nós, professores, juntamente com nossos alunos, tenhamos um ótimo ano letivo em 2010.

Lançado caderno da Política Nacional de Alfabetização

          O Ministério da Educação (MEC) lançou na última quinta-feira, dia 15 de agosto, o caderno da Política Nacional de Alfabetização ....