quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os picos e vales da greve dos professores

O magistério catarinense viveu duas realidades extremamente opostas nos últimos três meses. A primeira, no dia 06 de abril de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade, conhecida como ADI do Piso, declarando a constitucionalidade da Lei nº 11.738/2008, que instituiu o Piso Nacional dos Professores. Uma data histórica para os professores de todo o Brasil mas, de modo especial, aos professores de Santa Catarina e outros cinco estados que contestaram a Lei. Todo o magistério catarinense festejou a decisão do STF, depois de dois anos aguardando o julgamento da ação.
A partir desta data, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/SC), juntamente com professores e a sociedade, começaram a cobrar do governo de Santa Catarina o cumprimento da Lei do Piso. O dia 11 de maio marcou o início dessa luta em busca do reconhecimento e da valorização profissional dessa categoria, que tem sofrido muito, principalmente com o governo anterior, onde foram oito longos anos de descaso, onde os educadores não eram nem recebidos pelo então governador Luiz Henrique da Silveira e seu Secretário de Educação Paulo Bauer. Como o governador não apresentou uma proposta coerente, os professores deflagraram a greve, que iniciaria no dia 18 de maio.
Mais uma vez houve omissão por parte do governo, que viajou para a Europa, não dando importância para a paralisação que estava prestes a iniciar. Uma greve sem precedentes no estado, pois chegou a ter 90% da categoria parada, algo nunca visto em Santa Catarina. Vários atos foram realizados em todas as regiões do estado, sem baderna, sem radicalismo e sem bandeiras políticas. Todos unidos com um único objetivo: o cumprimento da Lei.
Dois meses se passaram desde então e a greve atingiu sua outra extremidade: a medida de forças entre professores e governo. Descontos dos dias parados, ameaças e a principal de todas: o fim do Plano de Carreira do Magistério catarinense, decretado ontem, dia 13 de julho, na Assembleia Legislativa em Florianópolis. Policiais barrando a entrada, professores desesperados com o que estava acontecendo naquele espaço democrático, onde a democracia ficou a mercê de políticos abastados, que recebem salarios muito além da realidade da maioria dos servidores públicos e da própria sociedade catarinense. A indignação tomou conta de todos ali presentes e dos que de longe acompanhavam o desfecho dessa vergonhosa demonstração ditatorial de poder. Esse dia será lembrado por todos os educadores catarinenses, não com alegria como se esperava no início do movimento, mas com tristeza, indignação e desprezo com a situação em que se encontra o magistério catarinense.
Fico me perguntando aqui se daqui alguns anos ainda teremos professores se formando nas universidades, se alguém ainda terá coragem de ingressar numa carreira que não valoriza a formação profissional e a dedicação com os alunos. Cursos de licenciatura estão fechando e não é para menos. E o pior: quais argumentos vamos usar para convencer nossos alunos de que o estudo é importante se não somos valorizados por isso?
Deputados, não esqueçam: a sociedade ficou sabendo de muitas coisas durante esses dois meses de greve e não irão esquecer, pois nós não deixaremos que tudo que o magistério passou agora seja esquecido pela sociedade. As eleições municipais vem aí e nada como um dia após o outro para que as feridas sejam cicatrizadas. Como diz Spencer Johnson no seu livro Picos e Vales, "...as coisas sábias que você faz durante os momentos ruins hoje geram os bons momentos de amanhã." Sejamos sábios, pois agora começa um novo momento na educação catarinense. Momento de pensarmos no amanhã para reconstruirmos o que foi destruído hoje.

Lançado caderno da Política Nacional de Alfabetização

          O Ministério da Educação (MEC) lançou na última quinta-feira, dia 15 de agosto, o caderno da Política Nacional de Alfabetização ....