Professores possuem mestrado e tem liberdade para criar currículo.
O país com a melhor educação do mundo é a Finlândia.
Por quatro anos consecutivos, o país do norte da Europa ficou entre os
primeiros lugares no Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), que mede a qualidade de ensino. O segredo deste sucesso,
segundo Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação e Cultura da
Finlândia, não tem nada a ver com métodos pedagógicos revolucionários,
uso da tecnologia em sala de aula ou exames gigantescos como Enem ou
Enade. Pelo contrário: a Finlândia dispensa as provas nacionais e aposta
na valorização do professor e na liberdade para ele poder trabalhar.
Na Finlândia a educação é gratuita, inclusive no ensino superior. Só 2%
das escolas são particulares, mas são subsidiadas por fundos públicos e
os estudantes não pagam mensalidade. As crianças só entram na escola a
partir dos 7 anos. Não há escolas em tempo
integral, pelo contrário, a jornada é curta, de 4 a 7 horas, e os
alunos não têm muita lição de casa. "Também temos menos dias letivos que
os demais países, acreditamos que quantidade não é qualidade", diz
Jaana.
A diretora considera que o sistema finlandês de educação passou por
duas grandes mudanças, uma na década de 70 e outra em 90. A partir do
início da década de 90, a educação foi descentralizada, e os municípios,
escolas e, principalmente, os professores passaram a ter mais
autonomia.
"Fé e confiança têm papel fundamental no sistema finlandês.
Descentralizamos, confiamos e damos apoio, assim que o sistema funciona.
O controle não motiva o professor a dar o melhor de si. É simples,
somos pragmáticos, gostamos de coisas simples."
"Os professores planejam as aulas, escolhem os métodos. Não há prova
nacional, não acreditamos em testes, estamos mais interessados na
aprendizagem. Os professores têm muita autonomia, mas precisam ser bem
qualificados. Esta é uma profissão desejada na Finlândia."
Os docentes da Finlândia ganham, em média, 3 mil euros por mês, em
torno de R$ 8 mil reais, considerado um salário "médio" para o país.
Para conquistar a vaga é preciso ter mestrado e passar por treinamento. O
salário aumenta de acordo com o tempo de casa do professor, mas não há
bônus concedidos por mérito. A remuneração não é considerada média. "Em
compensação, oferecemos ao professor um ambiente de trabalho
interessante."
Entre todos os países testados pelo Pisa, a Finlândia tem a menor
disparidade entre as escolas. O resultado tem explicação. Lá, os alunos
mais fracos estão sob a mira dos docentes. "Os professores não dedicam
muita atenção aos bons alunos, e sim aos fracos, não podemos perdê-los,
temos de mantê-los no sistema."
Fonte: G1 Educação, 24/05/2013.